A classificação de uma empresa do setor de defesa é diferente do que em qualquer outra área. Ao contrário da alimentação, por exemplo, em que são enquadrados todos os estabelecimentos que produzem alimentos, faz parte da área de defesa e segurança quem tem como público-alvo as forças armadas e as polícias.
Essa questão conceitual explica por que Santa Maria pode almejar ser reconhecida mais amplamente como um polo de defesa. A cidade é o segundo maior contingente militar do país, com 6,7 mil homens e 21 organizações militares. As estruturas do Exército e da Base Aérea demandam uma diversidade de serviços e produtos que são fornecidos, na grande maioria, por empresas fora da cidade e do país. Porém, tudo tende a mudar.
A legislação federal prevê que indústrias estrangeiras que vendam produtos para as Forças Armadas tenham de se instalar ou ter parcerias em território nacional, o que foi decisivo para a vinda da KMW. As articulações políticas foram decisivas para colocar Santa Maria no mapa da defesa e atrair os alemães, como a do prefeito Cezar Schirmer e do ex-ministro da Defesa, o santa-mariense Nelson Jobim, que ficou na pasta de 2007 a 2011.
Além disso, entidades locais estão promovendo ações para fortalecer as empresas que têm potencial de serem fornecedoras das forças de segurança e defesa.
Sete empresas locais já tiveram alguma relação comercial na área de defesa, e temos outras sete habilitadas para prestar algum serviço ao setor afirma o diretor presidente da Agência de Desenvolvimento de Santa Maria, Vilson Serro.
Atualmente, a cidade possui o Polo de Defesa, um grupo que se reúne mensalmente para promover ações e capacitar interessados no setor. E, no ano passado, sediou o 1º Seminário Internacional de Defesa.
Exemplos confirmam vocação
Além das 14 empresas que têm capacidade para fornecer produtos e serviços para as unidades militares, a área da simulação está fortalecida. Um exemplo é a Rota Simuladores, especializada em equipamentos usados para formar motoristas antes que eles cheguem ao carro de verdade, que vendeu um dos seus primeiros produtos para o Centro de Formação de Condutores (CFC) do Exército.
O Santa Maria Tecnoparque, inaugurado em 2013, também deve atrair e desenvolver cada vez mais empresas do segmento, já que abriga um centro de desenvolvimento de simuladores, com computadores e softwares destinados a isso.
A KMW tem uma sala no local, voltada para o emprego da simulação em treinamentos militares, e o Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército (DCT) também deve se instalar no parque, como forma de aproximar-se das empresas do setor.
Simuladores e blindados à vista
Fábrica KMW, às margens da BR-287, a 3 quilômetros da Ulbra
Embora ainda não esteja em funcionamento, a filial da empresa alemã KMW foi construída na cidade porque a Capital dos Blindados, como é conhecida Santa Maria, recebeu a maior parte dos 220 veículos Leopard comprados pelo Brasil do Exército Alemão. Por uma questão de logística e de articulações políticas, a empresa responsável pela manutenção dos blindados optou pelo Centro do Estado. Enquanto não for inaugurada oficialmente, os técnicos da KMW trabalham dentro dos quartéis.
Uma outra possibilidade real de impulsionar o crescimento do setor na cidade envolve a construção do Centro de Adestramen"